A notícia veio como um martelo: Carlos Tavares, o CEO que transformou um fabricante francês num gigante automóvel global, demite-se com efeitos imediatos.
O anúncio foi um duro golpe para o mundo automóvel: Carlos Tavares, o arquitecto da fusão PSA-FCA e chefe emblemático da Stellantis, deixa o seu cargo com efeitos imediatos.
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Esta demissão, oficializada por um comunicado de imprensa que evoca “ diferenças de pontos de vista“, surge num contexto particularmente delicado para o quarto maior fabricante de automóveis do mundo.
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Para compreender a magnitude do terramoto, devemos lembrar que Carlos Tavares não foi um CEO como qualquer outro. Desde a criação da Stellantis em 2021, conseguiu transformar um complexo casamento franco-ítalo-americano numa máquina de fluxo de caixa, estabelecendo recordes de rentabilidade.
O grupo, que alberga nada menos que 15 marcas, incluindo Peugeot, Citroën, Fiat, Opel e Jeep, tornou-se sob a sua liderança um exemplo de gestão eficaz.
Mas nos últimos meses as nuvens têm se acumulado. Os atrasos no lançamento de modelos estratégicos como o Citroën C3 e o C3 Aircross pesaram no desempenho europeu. Ainda mais preocupante é o facto de o mercado norte-americano, tradicional fonte de dinheiro do grupo, mostrar sinais de fraqueza, com uma queda vertiginosa de 42% no volume de negócios num ano.
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Não faltam desafios na Stellantis
Esta demissão surge num momento crítico em que a Stellantis tem de gerir vários desafios importantes. Primeiro, a revisão em baixa dos objetivos de margem operacional para 2024, agora entre 5,5% e 7%, quando anteriormente tínhamos como meta ambos os valores. Um sinal que reflete uma realidade de mercado mais complexa do que o esperado.
O grupo enfrenta uma tripla ameaça: um aumento na oferta que empurra os preços para baixo, uma concorrência chinesa cada vez mais agressiva e a necessidade de investir massivamente na electrificação.
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