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Morte de Lucas no pronto-socorro de Hyères: Igas aponta demora no diagnóstico

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“Avarias” em período de trânsito intenso, gerando atraso no diagnóstico: a administração publicou na sexta-feira o relatório de investigação sobre a morte de Lucas, 25 anos, em 2023 no pronto-socorro de Hyères (Var), após choque séptico.

O jovem faleceu na noite de 30 de setembro para 1º de outubro de 2023, após horas de agonia, vítima de choque séptico ligado a uma infecção meningocócica invasiva.

“O primeiro exame médico realiza-se quase quatro horas depois da triagem inicial” (exame por um enfermeiro), enquanto os dados recolhidos deveriam ter conduzido a um exame médico no prazo máximo de duas horas, nota a Inspecção-Geral dos Assuntos Sociais (Igas) neste relatório divulgado na sexta-feira.

“Ao nível da triagem nem todas as informações são recolhidas”, nomeadamente determinados sintomas constatados pelas equipas do Samu e “durante o tratamento, os sinais de alerta não desencadeiam sistematicamente ações específicas”, indica o texto.

A Inspeção observa ainda que “a transcrição” da informação do processo do paciente “não é sistemática”.

No início do tratamento, a classificação por categoria de gravidade subestimou a gravidade do estado de saúde de Lucas ao mencionar um motivo de recurso que “não era o sintoma principal”, nota ainda o Igas.

Os inspetores registam ainda um atraso no envio das análises biológicas para o laboratório localizado em Toulon, ainda que este elemento não seja para os peritos “decisivo” na evolução do prognóstico.

– “Em Perigo” –

Os médicos especialistas ouvidos pela missão consideram, face ao processo, que Lucas deveria ter beneficiado de uma “monitorização atenta dos sinais vitais”, e que o diagnóstico deveria ter sido mencionado quando o seu estado se deteriorou.

Contudo, “não podem afirmar que a implementação mais precoce” das manobras de reanimação teria evitado um resultado fatal.

Os especialistas sublinham que a patologia de que Lucas sofria é “incomum e grave”, que apresenta frequentemente um “início insidioso de aspecto benigno”, levando regularmente a divagações diagnósticas, e que Lucas deu entrada no serviço de urgência 19 horas depois do início de sintomas.

As emergências de Hyères registaram um afluxo particularmente forte nesse dia: 114 visitas, em comparação com uma média anual de 96 por dia, num intenso período de verão, quando outros serviços de emergência no Var também estavam sob tensão, fechados durante algumas noites.

A ambulância do Samu (Smur) também saiu com o dobro da frequência habitual.

Na ficha de Lucas, um médico escreve, às 00h13, as palavras “hospital em tensão”, especificando que não há “espaço no chão”, “nenhuma caixa” equipada com Scope (um monitor para monitorizar parâmetros vitais, nota do editor) nenhuma “maca disponível” e “apenas dois médicos” presentes no departamento. Ele enfatiza ter alertado seus executivos sobre “colocar os pacientes em perigo”.

– “Lições” a serem aprendidas –

Além disso, os direitos dos pacientes “não foram respeitados”, incluindo o direito à privacidade durante as discussões com os médicos, devido, nomeadamente, às condições exíguas das instalações que obrigavam as equipas a acumular pacientes nos corredores.

O Igas, que depende dos ministérios sociais, observa que o hospital implementou após a tragédia um plano de acção “coerente” para o serviço de urgência, como a reabertura de camas geriátricas de curta duração (a sua ausência contribuiu para o congestionamento de o atendimento no dia da tragédia) ou a criação de um cargo de auxiliar de enfermagem.

Mas faz recomendações adicionais à organização do serviço – “confiar ao médico referenciador a missão de supervisionar a alocação dos doentes ao pessoal de enfermagem e médico”, por exemplo – ou do estabelecimento.

A nível nacional, os inspetores identificam “várias lições que poderão ser aprendidas com esta morte”.

Propõem, em particular, sensibilizar os médicos “para a detecção precoce do choque séptico” ou generalizar a “rede de triagem” estabelecida pela sociedade francesa de medicina de emergência.

Neste caso, a família apresentou queixa por “homicídio doloso” contra “x”, contra o estabelecimento e o seu diretor.

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