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Na Argentina, Javier Milei trava uma “batalha cultural”

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Marcha de protesto contra o ajuste orçamentário das universidades públicas em Buenos Aires, 2 de outubro de 2024. Sobre a tesoura: “Não aos cortes nas universidades”.

A instrução foi proferida no pódio da Conferência de Ação Política Conservadora, a grande massa dos conservadores americanos, realizada em 4 de dezembro em Buenos Aires: “Não basta administrar bem, é preciso travar uma batalha cultural (…) para garantir que os esquerdistas não apareçam em todas as direções”, exigiu o presidente argentino, Javier Milei. Se não liderarmos [cette] batalha, não importa quão bem a administremos. Se faltar a cabeça, o espírito, não iremos a lugar nenhum. »

Desde que assumiu o poder, em 10 de dezembro de 2023, Javier Milei centrou a sua ação na economia com a desregulamentação total, o combate à inflação (reduzida para 2,7% em outubro, face aos 20,6% em janeiro), a disciplina orçamental (o excedente foi alcançada pela primeira vez em mais de dez anos) e o seu corolário, uma redução dos serviços estatais ao mínimo.

Mas o ultraliberal também lidera outra luta, ao nível das ideias, contra todas as formas de progressismo, descritas como “a batalha cultural”. Tem como alvo os direitos das mulheres, os das minorias sexuais, a ecologia, as políticas de memória ligadas à ditadura (1976-1983), os direitos sociais. Tantas políticas associadas a “socialismo”palavra brandida como um espantalho pelo presidente argentino, encarnada nomeadamente, no seu país, pelos cônjuges Nestor Kirchner e Cristina Fernandez de Kirchner – no poder de 2003 a 2007 e de 2007 a 2015, respetivamente.

“O Ocidente em perigo”

Javier Milei usa suas múltiplas viagens ao exterior como plataformas. Em janeiro, no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, ele disse que “o Ocidente está em perigo”, devido a “socialismo (…) empobrecedor”, mesmo quando a taxa de pobreza aumentou na Argentina. O seu país é o único que se recusou a assinar um documento sobre igualdade de género, antes do G20 que se realizou no Brasil nos dias 18 e 19 de novembro. Ele também é o único que votou contra uma resolução que defende os direitos das populações indígenas, no dia 11 de novembro, nas Nações Unidas. A batalha cultural é transmitida incessantemente nas redes sociais, muitas vezes com virulência. Javier Milei, um de cujos insultos favoritos é “merda esquerdista”, podemos contar com uma miríade de retransmissões online, contas libertárias ofensivas.

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Esta batalha não se limita aos grandes fóruns internacionais ou às redes sociais. Ela usa a motosserra na mão – o símbolo anti-gasto público do presidente – para cortar políticas consideradas progressistas. O ministério da mulher, criado em 2019, foi transformado em “Subsecretaria de Políticas de Igualdade”. No primeiro semestre do ano, o orçamento destinado a programas contra a violência de género caiu 80% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Associação Civil para a Igualdade e Justiça e a organização feminista ELA.

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