Se os usuários em 2013 tivessem sido informados de que HTC e BlackBerry iriam desaparecer enquanto marcas chinesas desconhecidas se tornariam gigantes globais, eles poderiam ter acreditado?
Vivi todo esse período, o Frandroid foi lançado em 2007, quando o Android foi anunciado. E a Canalys tentou resumir a evolução impiedosa do mercado de smartphones num gráfico.
Ao observar o gráfico Canalys que cobre o período 2013-2024, estamos a assistir a uma verdadeira novela económica e tecnológica.
O mercado de smartphones, outrora dominado por alguns intervenientes históricos, transformou-se gradualmente num ecossistema complexo onde novos intervenientes conseguiram estabelecer-se, enquanto antigos campeões desapareceram no caixote do lixo da história. Vamos aproveitar este gráfico para evocar certas memórias.
O desaparecimento dos pioneiros
No início deste período, em 2013, o mercado parecia relativamente simples: a Samsung e a Apple dominavam, seguidas por alguns players históricos como a HTC. Mas esta aparente estabilidade escondeu o início de uma revolução que estava por vir.
Um dos aspectos mais marcantes desta evolução é o desaparecimento gradual de marcas que, no entanto, escreveram as primeiras páginas da história dos smartphones. A HTC, que foi a precursora da era Android e até do Windows Mobile, gradualmente desapareceu do mercado. LG também.
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Ainda mais impressionante é que Nokia, Motorola (na época) e BlackBerry, que dominavam o mercado de telefonia móvel antes da era dos smartphones, desapareceram completamente do cenário. Então, sim, a Nokia e a HTC sobrevivem hoje, mas são incomparáveis com as marcas que conhecíamos do passado.
Este desaparecimento não é trivial: ilustra perfeitamente como a inovação tecnológica pode ser uma faca de dois gumes. Estas empresas, apesar da sua experiência e dos seus avanços, não foram capazes de se adaptar com rapidez suficiente aos novos paradigmas de mercado.
Quando a tecnologia se torna uma arma
Uma virada importante neste período foi a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, tendo como principal vítima colateral: a Huawei. O gigante chinês, que estava em vias de se tornar líder mundial, viu o seu progresso ser brutalmente travado pelas sanções americanas. Esta situação criou um vazio que outros intervenientes chineses se apressaram a preencher.
O exemplo mais marcante desta nova dinâmica é a ascensão da Oppo… mas especialmente da Transsion. Este grupo, pouco conhecido no Ocidente, consolidou-se como um player muito importante graças à sua estratégia de atingir os mercados emergentes, nomeadamente em África, com marcas como Tecno, Itel e Infinix. Ao mesmo tempo, marcas como Oppo, Honor, Vivo, Realme, Motorola (Lenovo) e Xiaomi reforçaram consideravelmente as suas posições.
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A actual fragmentação do mercado ilustra perfeitamente esta evolução: onde alguns players partilhavam a maior parte do bolo, hoje assistimos a uma concorrência muito mais equilibrada, com players especializados em diferentes segmentos de mercado. A dificuldade dessas marcas é manter a margem e ao mesmo tempo oferecer algo diferente. E como você pode ver, não é simples.