Em busca de um primeiro-ministro, Emmanuel Macron procura ainda definir um “método” que permita formar um governo e, sobretudo, evitar a censura na Assembleia.
Em última análise, isto não é muito surpreendente. O convite de Emmanuel Macron a todos os partidos no Eliseu na tarde de terça-feira, com exceção do La France Insoumise e do Rally Nacional (RN), ulcera os dois partidos nos extremos do espectro político. Embora o Presidente da República tenha iniciado um novo ciclo de consultas para encontrar um Primeiro-Ministro após a censura que derrubou Michel Barnier, esta nova entrevista com líderes de partidos e grupos parlamentares deverá permitir “avançar com um acordo sobre um método”. Objetivo: constituir, nas palavras de Emmanuel Macron, um “governo de interesse geral” o que evitará a censura de toda a esquerda.
O suficiente para fraturar ainda mais a Nova Frente Popular (NFP), cujos componentes não estão todos alinhados caso o governo não seja liderado por uma figura da aliança de esquerda. Como os Mélenchonistas que simplesmente se recusaram a ir ao Eliseu.
Opõe-se à estratégia do Partido Socialista, que mencionou sexta-feira “concessões recíprocas” para iniciar um diálogo com a coligação “base comum”, o coordenador do La France Insoumise zombou na noite de segunda-feira de um hipotético dispositivo de governo que viria do primeiro secretário do PS “Olivier Faure em Bruno Retailleau “, Ministro do Interior demitiu-se. E o deputado da LFI de Marselha atacou frontalmente os seus aliados: “Como alguém pode ser eleito para defender o programa NFP e considerar participar numa equipa deste tipo? Você caiu de cabeça?
Já no RN lamentamos não termos sido convidados para o palácio presidencial da mesma forma que os demais partidos políticos. O que nem sempre foi a sua posição oficial. Embora Marine Le Pen tenha confidenciado no final da semana passada ao Fígaro “Não ficar indignado por nós (EU)‘não convide’, “Emmanuel Macron consultando as pessoas que provavelmente constituirão a maioria com ele na Assembleia”seu sucessor à frente do partido da chama, Jordan Bardella, agora denuncia à BFMTV “métodos de incrível desrespeito e deselegância para (dele) 11 milhões de eleitores”.
“Isso nos presta um serviço. Há o partido único de um lado e nós e a LFI do outro”ironizou o eurodeputado nacionalista, segundo quem o Presidente da República está a cometer um erro que poderá ser fatal para o bloco central eleitoralmente: “Eles gostariam de instalar a partida RN/LFI em 2027 e não fariam de outra forma”.