A UNESCO divulgou na segunda-feira os resultados do seu primeiro mapeamento de espécies marinhas realizado usando DNA ambiental.
O programa lançado em dezembro de 2021 “permite-nos ver quais as espécies marinhas mais ameaçadas pelo aquecimento global”, explica Ward Appeltans, chefe do sistema de informação sobre biodiversidade oceânica da UNESCO (Agência das Nações Unidas para a Proteção Ambiental, educação, ciência e cultura).
O eDNA (DNA ambiental), método nascido experimentalmente na década de 2000, mas que apenas começa a ser implementado, consiste em colher uma amostra de aproximadamente 1,5 litro de água para identificar espécies marinhas a partir de vestígios de DNA que elas deixam.
Este método foi utilizado pela UNESCO em 21 áreas marinhas protegidas na Costa Rica, Bangladesh e Filipinas.
Graças a esta operação foram identificadas 4.500 espécies, 120 das quais constam da lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
“Sem esta técnica, seriam necessários pelo menos 5 anos de trabalho e teria sido mais intrusivo”, alegra-se Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO. “Isso permite identificar áreas a serem protegidas prioritariamente.”
A UNESCO mobilizou crianças em idade escolar e os seus professores para recolherem amostras e sensibilizarem para a importância da preservação da biodiversidade marinha.
No Parque Nacional Everglades, na Flórida, onde estudantes do ensino médio participaram da coleta, o eDNA também foi utilizado para registrar o avanço de espécies invasoras como as pítons.
“Queremos ajudar os países a compreender as mudanças causadas pelo aquecimento global para que possam melhorar a proteção das espécies marinhas”, afirma Fanny Douvere, chefe do Programa Marinho do Património Mundial da UNESCO.
“Isto pode ser implementado no Bangladesh, com menos recursos, bem como na Austrália ou nos Estados Unidos”, diz ela. As amostras de eDNA continuam financeiramente acessíveis: cada kit custa 25 euros.
“É a primeira vez que esse método é usado em larga escala. Ele permite resultados em apenas alguns meses, em vez de 5 a 10 anos”, comemora Fanny Douvere.
A UNESCO espera que este método permita atingir o objetivo estabelecido pelo acordo Kunming-Montreal de dezembro de 2022: proteger 30% dos oceanos até 2030, enquanto apenas 8% estão protegidos neste momento. O eDNA ajuda a determinar quais áreas precisam ser protegidas como prioridade.
O objetivo desta organização internacional é, portanto, implantar amostragem de eDNA nas 18.000 áreas marinhas protegidas.