A ONG Oxfam denuncia “atrasos deliberados e obstruções sistemáticas por parte do exército israelita” que impedem a maioria dos camiões de entrar na província do norte de Gaza.
Apenas cerca de dez camiões de ajuda humanitária distribuíram água e alimentos no norte de Gaza em dois meses e meio, informou no domingo a ONG Oxfam, dando o alarme sobre a deterioração da situação no território palestiniano sitiado.
“Dos escassos 34 camiões que transportavam alimentos e água autorizados a entrar na província do norte de Gaza nos últimos dois meses e meio, os atrasos deliberados e a obstrução sistemática por parte dos militares israelitas fizeram com que apenas doze conseguissem distribuir ajuda a civis palestinianos famintos.“, disse a Oxfam em comunicado, contagem que inclui entregas até sábado.
“Para três deles, depois de distribuída comida e água na escola onde a população se refugiava, esta foi evacuada e bombardeada poucas horas depois.», afirmou a ONG.
As obrigações humanitárias de Israel para com os palestinos
Israel tem controlado rigorosamente a chegada de ajuda internacional, essencial para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza, desde o início da guerra desencadeada pelo ataque mortal do movimento islâmico Hamas ao território israelita em 7 de outubro de 2023. O Estado hebreu foi acusado em vários ocasiões de cometer “genocídio» em Gaza, incluindo perante a justiça internacional por iniciativa da África do Sul – acusações que as autoridades israelitas rejeitam veementemente.
A Assembleia Geral da ONU, por sua vez, aprovou quinta-feira por ampla maioria uma resolução pedindo ao Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) que se pronuncie sobre as obrigações humanitárias de Israel para com os palestinos.
A Oxfam e outras organizações humanitárias internacionais têm sido “continuamente impedido de fornecer assistência vital» no norte de Gaza desde 6 de outubro, quando Israel intensificou os seus bombardeamentos, afirmou a ONG. “Estima-se que milhares de pessoas permaneçam isoladas, mas com o acesso humanitário bloqueado, é impossível contá-las com certeza”, segundo a Oxfam. “No início de Dezembro, organizações humanitárias que trabalham em Gaza receberam chamadas de pessoas vulneráveis presas em casas ou abrigos que ficaram sem água e alimentos.“, ela acrescentou.
O ataque do Hamas em 7 de outubro resultou na morte de mais de 1.200 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses. Mais de 45 mil palestinos foram mortos na campanha militar israelense, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.