O Conselho Constitucional de Moçambique confirmou a vitória eleitoral do candidato da Frelimo (histórico partido no poder), Daniel Chapo, com 65,17% dos votos, segunda-feira, 23 de dezembro, menos cinco pontos que a pontuação estabelecida pela comissão eleitoral no início de outubro. Este anúncio surge após dois meses de protestos que mergulharam este país da África Austral numa crise política sem precedentes, deixando mais de uma centena de mortos.
Com base nestes resultados finais, a Frelimo mantém em grande parte a maioria com 171 deputados em 250, mesmo que tenha menos 24 assentos na Assembleia em comparação com os primeiros resultados.
O principal adversário, Venâncio Mondlane, que apelou a uma “nova revolta popular” e reivindica vitória eleitoral nas eleições de 9 de outubro, inflou a sua pontuação em quatro pontos, mas obteve apenas 24,19% dos votos, segundo o Conselho Constitucional.
Este antigo comentador político televisivo, que se encontra escondido no estrangeiro há várias semanas e que acreditava que a mudança estava ao nosso alcance, afirma ter ficado em primeiro lugar, com 53% dos votos segundo uma contagem paralela, nestas eleições marcadas por. irregularidades, de acordo com diversas missões de observação internacionais.
Pelo menos 130 mortos
Recusando qualquer compromisso com a Frelimo, “Venâncio”como a população simplesmente o chama, lançou esta semana um ultimato às autoridades: “A decisão do Conselho Constitucional levará Moçambique ou à paz ou ao caos”disse ele em um de seus habituais vídeos ao vivo nas redes sociais. Pelo menos 130 pessoas morreram durante os protestos, segundo a ONG local Plataforma Decide, a maioria delas manifestantes mortos com munições reais.
Após a chamada do oponente para “paralisar” Este país entre os mais pobres e desiguais do planeta, a capital, Maputo, parecia na segunda-feira uma cidade fantasma, à espera do anúncio. As principais estradas que conduzem à cidade foram bloqueadas por barricadas da oposição, tornando as suas avenidas desertas, enquanto os bloqueios policiais impediram o acesso ao palácio presidencial, bem como à sede do Conselho Constitucional.