Em 2024, ano marcado por um fluxo migratório recorde nas Ilhas Canárias, mais de 10.400 pessoas morreram ou desapareceram no mar enquanto tentavam chegar a Espanha, ou 30 pessoas por dia em média entre janeiro e 15 de dezembro, segundo um relatório. da ONG espanhola Caminando Fronteras, publicado quinta-feira, 26 de dezembro.
O número de mortes é 58% superior ao registado pela ONG no ano passado, que registou 6.618 migrantes mortos ou desaparecidos nas rotas migratórias para Espanha. No total, morreram 421 mulheres e 1.538 crianças e adolescentes, relata Caminando Fronteras, que alerta as autoridades marítimas sobre a presença de embarcações em perigo.
“Estes números destacam uma falha profunda dos sistemas de resgate e proteção”declarou Helena Maleno, coordenadora do relatório, denunciando “uma tragédia inaceitável”. Ela liga “que seja dada prioridade à proteção do direito à vida, que as operações de busca e salvamento sejam reforçadas e que a justiça seja garantida às vítimas e às suas famílias”.
Um aumento de 14,5%
Estes migrantes mortos ou desaparecidos vieram de pelo menos 28 países, principalmente africanos, mas também vieram do Iraque e do Paquistão. A grande maioria das vítimas (9.757) foi registada durante a travessia do Oceano Atlântico entre a costa noroeste de África e as Ilhas Canárias, segundo dados da ONG. É precisamente nesta rota que sete barcos foram resgatados na quarta-feira, 25 de dezembro, anunciaram equipes de resgate marítimas espanholas no X.
O número de migrantes que entram irregularmente em Espanha através das Ilhas Canárias aumentou acentuadamente nos últimos meses, ultrapassando no final de novembro o recorde anual estabelecido em 2023, segundo o Ministério do Interior. Segundo dados do ministério, 60.216 migrantes desembarcaram neste arquipélago espanhol entre janeiro e meados de dezembro, em comparação com 52.591 durante todo o ano passado, um aumento de 14,5%.
Estas chegadas massivas levaram as autoridades das Ilhas Canárias a soar o alarme, afirmando, em particular, que são incapazes de gerir o afluxo de menores não acompanhados, dos quais devem cuidar nos centros de acolhimento.