A Geórgia tem agora dois presidentes, um orientado para a Rússia e outro para a Europa, e cada um dos quais disputa a legitimidade. Eleito por um colégio eleitoral controlado pelo partido governista Georgian Dream, o ex-futebolista pró-Rússia Mikheïl Kavelashvili, de 53 anos, tomou posse no domingo, 29 de dezembro. Ele sucede a Salomé Zourabichvili, uma ex-diplomata francesa de 72 anos, que afirma continuar a ser a “único presidente legítimo” apesar do fim do seu mandato.
Esta é a primeira vez na história desta antiga república soviética no Cáucaso que o presidente não foi eleito por sufrágio universal. A tomada de posse de Kavelashvili realizou-se à porta fechada no Parlamento, por receio de protestos da oposição pró-europeia. Um detalhe revelador: contrariamente à tradição, não havia nenhuma bandeira europeia na sala, embora ela estivesse pendurada em todo o país – a integração na União Europeia (UE) e na NATO é um objectivo incluído na Constituição. “Foi surreal e mais parecido com um funeral do que com uma inauguração”observa Hans Gutbrod, pesquisador e professor da Ilia State University, em Tbilisi.
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