As recentes conversações entre Kigali e Kinshasa para a paz no leste da República Democrática do Congo (RDC), atormentado pela rebelião do Movimento 23 de Março (M23), não abordam as causas profundas do problema, segundo estimativas do presidente ruandês, Paul Kagame, na quinta-feira, 9 de Janeiro. . O M23, um grupo armado apoiado por Kigali, continua a ganhar terreno apesar do cessar-fogo concluído em 2024.
No fim de semana passado, o movimento rebelde assumiu o controlo da cidade-chave de Masisi, cerca de 80 quilómetros a noroeste de Goma, a capital provincial do Kivu do Norte, após combates que a ONU levou ao deslocamento de mais de 100.000 pessoas.
Em Dezembro, as conversações entre Kagame e o Presidente congolês Félix Tshisekedi foram interrompidas. Um acordo de paz deveria ser colocado em cima da mesa numa cimeira em Luanda, Angola, mas o chefe de Estado ruandês nunca compareceu lá.
“Onde quer que houvesse reuniões para discutir como acabar com este problema, Ruanda estava lá”disse o Sr. Kagame durante uma conferência de imprensa. “Mas, no final (…)o objetivo não é acabar com o problema, o objetivo é ser fotografado, ele continuou. Devemos alcançar resultados abordando as causas profundas. »
Nebulosa das milícias pró-Kinshasa no Leste
A diplomacia ruandesa garantiu que “muitas partes” do território Masisi estavam nas mãos das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo armado formado por antigos líderes hutus do genocídio dos tutsis no Ruanda em 1994, que desde então se refugiaram na RDC. Este grupo que combate o M23, tal como uma nebulosa de milícias pró-Kinshasa no leste, constitui uma ameaça permanente aos olhos de Kigali.
De acordo com Kinshasa, Kigali procura assumir o controlo dos recursos naturais, especialmente mineiros, do leste do Congo. O Ruanda rejeita relatórios de peritos, inclusive das Nações Unidas, segundo os quais apoia diretamente o M23.
No entanto, Kagame insistiu que os combates não poderiam parar até que as FDLR fossem eliminadas. “A questão das FDLR deve ser respondida. Não há como evitá-lo ou contornar indefinidamente o problema.”ele disse.
A Ministra congolesa dos Negócios Estrangeiros, Thérèse Kayikwamba Wagner, garantiu, durante uma conferência de imprensa quinta-feira em Kinshasa, que o seu país retomaria as conversações de paz se surgisse a oportunidade. “Se o processo de Luanda fosse retomado dando-nos razões confiáveis, voltaríamos a Luanda, ela apontou. Sempre insistimos que a solução para este problema, a solução diplomática, só seria encontrada em Luanda. »