Em 2007, como estudante e geek, eu não tinha ideia de que esvaziar minha conta bancária para comprar um iPhone me faria participar de uma revolução tecnológica.
A aventura começa em uma sala de estudantes na região de Paris, com os olhos grudados na tela do computador. Steve Jobs estava no palco a milhares de quilômetros de distância.
Estamos em 2007 e, algumas semanas depois da palestra da Apple, acabei de receber meu primeiro iPhone. Para adquiri-lo, esvaziei minha conta bancária de estudante, convencido de que esse investimento valeu a pena. A história provará que estou certo, mas é mais fácil dizê-lo hoje.
Na altura, financiei os meus estudos graças ao Estado, mas também escrevendo testes de smartphones para diversos meios de comunicação.
O mercado era então dominado por dispositivos rodando Windows Mobile e Symbian, telefones capazes de acessar a web e rodar aplicativos. Mas o iPhone mudaria tudo, mesmo que ainda faltasse um elemento essencial no início – a App Store – enquanto outros sistemas operacionais já a possuíam.
A noite da fuga da prisão
Esta primeira noite com o iPhone ficará gravada na minha memória. O aparelho estava inutilizável na França, bloqueado por operadoras americanas.
A única solução: jailbreak. Um procedimento complexo, muito diferente das ferramentas automatizadas que chegaram muito mais tarde. Era preciso acessar a “raiz” do dispositivo, manipular linhas de código e começar de novo diversas vezes. Cada passo era um risco.
O jailbreak bem-sucedido, a mágica finalmente funcionou. A tela, com brilho e qualidade de cores impressionantes para a época, ganhou vida. A galeria de fotos ofereceu uma experiência perfeita nunca antes vista. O navegador Safari possibilitou, pela primeira vez, exibir sites em sua versão “desktop” em um celular. Uma revolução.
Esta palestra de Steve Jobs
A famosa palestra de Steve Jobs não foi apenas uma apresentação magistral de um produto – foi o anúncio de uma mudança de paradigma.
Ao criticar abertamente os defeitos dos telefones existentes, Steve Jobs não estava apenas a fazer marketing: estava a apontar problemas reais que a indústria não tinha conseguido resolver.
A interface touchscreen capacitiva do iPhone foi revolucionária. Chega de canetas e telas resistivas imprecisas. A simplicidade de uso escondia uma notável habilidade técnica. Cada interação parecia natural, intuitiva, quase mágica. Foi o início do que mais tarde seria chamado de “era pós-PC”.
Dezoito anos depois, é fascinante ver o quanto o iPhone transformou não apenas a Apple, mas toda a indústria. De simples fabricante de computadores, a Apple se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo. Mais importante ainda, o iPhone mudou a sociedade.
Resumindo, às vezes esvaziar sua conta bancária para comprar um gadget pode ser o início de uma grande aventura. Mas ei, talvez esse não seja o melhor conselho a seguir.