BELÉM, Brasil – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na terça-feira que ligará pessoalmente para Donald Trump se as negociações sobre as tarifas dos EUA não progredirem no futuro próximo.

O governo dos EUA aumentou as tarifas sobre muitos produtos brasileiros em mais de 50%, mas Lula e Trump discutiram a possibilidade de chegar a um acordo durante uma reunião na Malásia, em outubro.

“Eu tenho o número dele, ele tem o meu. Não tenho problemas em ligar para ele”, disse Lula aos repórteres antes da cúpula climática das Nações Unidas conhecida como COP. Sua 30ª edição começa esta semana em Belém, cidade brasileira no coração da Amazônia.

“Quando a COP30 terminar, se ainda não estiver marcada uma reunião entre os meus negociadores e os dele, ligarei novamente para Trump”, disse o líder brasileiro, acrescentando que os seus principais negociadores, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro das Finanças, Fernando Haddad, estão ansiosos por novas conversações.

“Não terei nenhum problema em ir a Washington, ir a Nova York (para discutir tarifas) e espero que ele (Trump) não tenha problemas em vir ao Brasil”, disse Lula.

Em 30 de julho, Trump assinou uma ordem executiva para impor tarifas de 50% ao Brasil. Trump vinculou as tarifas às políticas do país e ao processo criminal do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os EUA registaram um excedente comercial de 6,8 mil milhões de dólares no ano passado com o Brasil, de acordo com o US Census Bureau.

“O Brasil e os EUA são as maiores democracias do mundo ocidental. Quanto mais nos respeitarmos, quanto mais cordiais formos um com o outro perante o mundo, melhor será para os EUA e para o Brasil. É assim que faço política”, disse Lula.

Bolsonaro foi condenado em setembro a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe após sua derrota nas eleições de 2022 para Lula. O ex-presidente, que está em prisão domiciliária desde agosto, recorre agora para reduzir a pena de prisão.

Separadamente, Lula instou os estados latino-americanos a ajudarem a evitar um conflito na Venezuela, enquanto a administração Trump ordena ações militares contra embarcações supostamente ligadas a cartéis de drogas.

O líder veterano disse que está considerando participar de uma reunião na Colômbia, na próxima semana, da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, um órgão de 33 membros, na qual será discutida a ação militar dos EUA na região. Alguns membros da União Europeia também estarão presentes.

As operações militares de Trump no Caribe mataram dezenas de pessoas que ele acusa de serem membros de um cartel de drogas liderado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. No mês passado, autorizou a CIA a realizar ações secretas dentro da Venezuela, e o governo dos EUA duplicou a recompensa pela captura de Maduro, que nega as acusações, que afirma serem uma desculpa para a ação militar americana na região.

“Eu disse a Trump que a América Latina é uma região de paz”, disse Lula. “Não quero que cheguemos ao ponto de uma invasão terrestre da Venezuela pelos EUA”.

Ele acrescentou: “A polícia tem todo o direito de combater os traficantes de drogas… os americanos poderiam estar ajudando esses países em vez de tentar atirar contra eles”.

Lula disse que também pediu a Trump que siga o exemplo do ex-presidente dos EUA George W. Bush, que participou das discussões para pacificar a Venezuela após uma tentativa de golpe contra o então presidente venezuelano Hugo Chávez em 2002.

“Naquela época sugeri que criássemos um grupo de amigos da Venezuela. Coloquei os EUA lá, coloquei a Espanha”, disse Lula. “Não foi um grupo de amigos de Chávez. Finalmente chegamos a um acordo.”



Fonte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *