MELBOURNE, Austrália – O mais alto tribunal da Austrália rejeitou na quarta-feira a contestação da Rússia a uma lei que expulsava o Estado, por razões de segurança, de um local onde Moscovo pretendia construir a sua nova embaixada.

Sete juízes do Tribunal Superior decidiram por unanimidade que, embora o governo australiano tivesse o direito de cancelar o arrendamento na capital nacional, Canberra, também devia uma compensação à Rússia.

A Austrália deve pagar metade dos custos legais da Rússia para levar o caso a tribunal.

A procuradora-geral Michelle Rowland disse que acolheu com satisfação a conclusão do tribunal de que o governo agiu legalmente ao rescindir o contrato de arrendamento.

“A Austrália sempre defenderá os nossos valores e nós defenderemos a nossa segurança nacional”, disse Rowland num comunicado.

“O governo irá considerar atentamente os próximos passos à luz da decisão do tribunal”, acrescentou ela, referindo-se ao pagamento de indemnizações.

A Embaixada Russa não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários da Associated Press na quarta-feira.

O governo australiano em 2008 concedeu à Rússia um arrendamento de um terreno a 300 metros (328 jardas) do Parlamento para construir uma segunda embaixada. A Rússia continua a ocupar uma embaixada da era soviética no subúrbio de Griffith, mais distante do parlamento.

Em 2023, o primeiro-ministro Anthony Albanese disse numa conferência de imprensa que o seu governo “recebeu conselhos de segurança muito claros quanto ao risco apresentado por uma nova presença russa tão perto do Parlamento”. O Parlamento aprovou legislação de emergência cancelando o arrendamento no mesmo dia.

A lei surgiu depois que a Rússia ganhou um recurso do Tribunal Federal contra a decisão de despejo das autoridades locais de Canberra.

O local permaneceu praticamente subdesenvolvido na época, exceto por um pequeno edifício consular.

A Rússia acusou a Austrália de “histeria russofóbica” por revogar o arrendamento.

Os advogados russos argumentaram no Supremo Tribunal que a lei que pôs fim ao arrendamento era inconstitucional porque não havia provas de uma ameaça à segurança nacional.

Na falta do restabelecimento do arrendamento, a Rússia teria direito a uma compensação, argumentaram os advogados.

Os conselhos de segurança fornecidos ao governo pela agência de espionagem Australian Security Intelligence Organization não foram detalhados em tribunal devido à sua natureza secreta.

O advogado russo Bret Walker argumentou que era ofensivo presumir que as pessoas desistiriam voluntariamente das suas propriedades sem compensação porque foram invocadas razões de segurança nacional.

Walker disse que era “realmente perturbador” propor a tomada de terras sem compensação por motivos de segurança nacional, onde nenhuma ameaça explícita foi comprovada.

O advogado do governo australiano, Stephen Donaghue, argumentou que o governo tinha o poder e a autoridade para fazer leis que privassem os russos de seu arrendamento.

A compensação não deveria ser paga a uma nação “pelos problemas que ela mesma causa”, disse Donaghue ao tribunal.



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