BEIRUTE – O Líbano e Chipre assinaram um acordo de fronteira marítima há muito adiado na quarta-feira, pondo fim a um impasse de quase 20 anos que paralisou alguma exploração de petróleo e gás no Mar Mediterrâneo, enquanto a Europa procura alternativas ao combustível russo.

O presidente libanês Joseph Aoun e o homólogo cipriota Nikos Christodoulides assinaram o acordo no palácio presidencial Baabda, nos arredores da capital libanesa, Beirute, finalizando um acordo inicial assinado pela primeira vez em 2007.

Christodoulides chamou o acordo de “acordo histórico” numa conferência de imprensa conjunta com Aoun, que por sua vez disse que a assinatura envia “um convite claro…” a qualquer um que queira cooperar com o Líbano.

Embora Chipre tenha ratificado o acordo de 2007, o Líbano não o fez devido à sua disputa de fronteira marítima com Israel, bem como às suas crises políticas internas. Em 2012, Nicósia ofereceu-se para mediar para acabar com o impasse, mas um avanço só ocorreu em 2022, levando a um acordo histórico entre Beirute e Tel Aviv, na sequência da mediação dos EUA.

O Líbano espera que a exploração offshore possa ajudá-lo a gerar recursos após anos de crise económica paralisante. Ainda não se chegou a um acordo de fronteira marítima com a vizinha Síria, que sofre a sua própria convulsão política depois de uma ofensiva relâmpago dos rebeldes ter deposto o presidente de longa data, Bashar Assad.

Chipre deverá tirar o melhor partido do acordo, uma vez que os países europeus pretendem reduzir a dependência da importação de gás da Rússia, após a invasão da Ucrânia. Christodoulides disse na semana passada que alguns dos estimados 20 biliões de pés cúbicos de gás descobertos ao largo de Chipre poderão chegar aos mercados europeus já em 2027.

O atraso na finalização do acordo impediu Chipre de alargar a sua pesquisa de hidrocarbonetos, uma vez que não poderia explorar em áreas adjacentes às águas libanesas.

O Líbano tem lutado com ataques quase diários de Israel na sua região sul, apesar de ter alcançado um tênue cessar-fogo há quase um ano. Aoun endossou negociações com Israel para a cessação das hostilidades, em meio a temores de uma nova guerra no país.

O país mediterrânico também enfrenta desafios para revitalizar uma economia em dificuldades que deixou muitos libaneses em desespero, melhorando os laços com a Arábia Saudita e outros países do Golfo, há muito frustrados pelo grupo militante Hezbollah, que tem resistido às recentes tentativas de desarmamento.

O jornalista da Associated Press, Menelaos Hadjicostis, de Nicósia, Chipre, contribuiu para este relatório.



Fonte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *