Os Estados Unidos vão gastar centenas de milhões de dólares para reforçar a resposta nacional à gripe aviária, anunciou na sexta-feira a administração cessante do Presidente Joe Biden, poucos dias antes da tomada de posse de Donald Trump.
Os US$ 306 milhões em financiamento apoiarão programas nacionais, estaduais e locais de preparação e vigilância, bem como pesquisas médicas contra o vírus H5N1.
“Mesmo que o risco para os seres humanos seja baixo, ainda estamos nos preparando para todos os cenários possíveis”, disse o secretário de Saúde dos EUA, Xavier Becerra, em comunicado.
“A preparação é a chave para manter os americanos saudáveis e o nosso país seguro”, acrescentou.
Os Estados Unidos detectaram 66 casos humanos de gripe aviária desde o início de 2024, e outros podem ter passado despercebidos, segundo as autoridades.
Não foi observada propagação da doença de pessoa para pessoa, mas o nível de circulação do vírus preocupa os pesquisadores.
O risco é que se misture com o da gripe sazonal, arriscando-se a desencadear uma pandemia mortal, como as de 1918 e 2009.
O anúncio surge no momento em que surgem preocupações sobre como a administração Trump irá lidar com a ameaça.
O presidente eleito disse à revista Time em abril que eliminaria o gabinete da Casa Branca encarregado de preparar a resposta à próxima pandemia, instituído durante a administração de Joe Biden – embora não seja certo que o possa fazer, tendo este órgão sido criado por Congresso.
Seu escolhido para o Departamento de Saúde, Robert Kennedy Jr., é notoriamente cético em relação às vacinas e prometeu reformar as agências de saúde.
Kennedy Jr. também promoveu o leite cru, considerado um vetor da gripe aviária.
A administração Biden também enfrenta críticas pela sua resposta à gripe aviária, que alguns consideram insuficiente.
Num relatório publicado em dezembro, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, instituto de investigação com sede em Washington, criticou em particular a “vigilância incompleta” e a “coordenação lenta” das autoridades.
Outra fonte de preocupação: o vírus da gripe aviária pode ter sofrido mutação no corpo de um paciente americano para se adaptar ao trato respiratório humano, anunciaram as autoridades de saúde americanas no final de dezembro.
As autoridades de saúde também acompanham de perto o aumento de casos de gripe aviária entre felinos, o que pode colocar os seus donos em “risco” de contrair a doença através do contacto próximo.