ZWOLLE, Holanda – Um tribunal holandês abriu na segunda-feira o julgamento de um homem da Eritreia acusado de envolvimento numa brutal rede de contrabando de migrantes.

Os procuradores dizem que Tewelde Goitom, também conhecido como Amanuel Walid, dirigiu uma operação que trouxe migrantes da África Oriental para a Europa em condições horríveis, exigindo enormes somas de dinheiro aos seus familiares para os libertar dos campos na Líbia.

O acusado, vestindo calça jeans e jaqueta azul, disse ter sido vítima de erro de identidade. Ele foi extraditado da Etiópia para a Holanda em 2022, onde foi condenado por crimes semelhantes.

“Ainda sou quem disse que era antes”, disse ele quando solicitado a se apresentar, falando por meio de um intérprete.

O julgamento é um dos maiores casos de contrabando de pessoas já iniciados na Holanda, disseram os promotores. Isso continuará pelas próximas três semanas.

O julgamento foi adiado pelo longo processo de extradição de outro homem, Kidane Zekarias Habtemariam, que escapou durante o julgamento na Etiópia em 2020. Descrito como um dos traficantes de seres humanos “mais procurados do mundo”, Habtemariam está atualmente detido nos Emirados Árabes Unidos, mas será extraditado para a Holanda.

Os promotores querem juntar os dois casos, enquanto a defesa espera que Habtemariam possa fornecer provas da inocência de Goitom.

Os promotores holandeses afirmam ter jurisdição para julgá-lo porque alguns de seus supostos crimes aconteceram na Holanda. Dizem que os familiares dos migrantes que procuravam fazer a perigosa viagem da África Oriental através da Líbia e através do Mar Mediterrâneo até à Europa foram extorquidos por contrabandistas de pessoas.

Os advogados de defesa contestam isso. “Não há uma ligação clara com os Países Baixos”, argumentou Simcha Plas, afirmando que os pagamentos foram feitos na Eritreia ou através dos Emirados Árabes Unidos e que o país não tem jurisdição.

De acordo com o grupo de ajuda aos refugiados VluchtelingenWerk, os Países Baixos registaram um aumento no número de jovens migrantes da Eritreia nos últimos anos, fugindo de um governo repressivo. O país tem serviço nacional obrigatório e, de acordo com uma investigação recente da ONU, os recrutas são vítimas de tortura, violência sexual e trabalho forçado.

O gabinete de estatísticas holandês estima que existam cerca de 28.000 pessoas de ascendência eritreia a viver nos Países Baixos.

Desde que conquistou a independência da Etiópia, há três décadas, a pequena nação do Corno de África tem sido liderada pelo Presidente Isaias Afwerki, que nunca realizou eleições.

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