QUITO, Equador – Os equatorianos votaram no domingo para derrubar uma proposta que permitiria que países estrangeiros administrassem bases militares no país sul-americano onde gangues de traficantes extorquim comunidades e matam políticos enquanto lutam por território.

Outra proposta rejeitada no referendo de quatro partes perguntava aos eleitores se queriam lançar um processo que pudesse levar a uma nova constituição. Seis em cada 10 eleitores disseram não.

Foi uma derrota significativa para o presidente Daniel Noboa, um conservador que está estreitamente alinhado com a administração Trump e que pressionou os tribunais do Equador a incluir a questão de reescrever a constituição.

Noboa disse numa mensagem X após a divulgação dos resultados que o seu governo “respeitará a vontade do povo” e continuará a lutar pelo país que “todos merecem”.

Andrea Endara, professora de ciências políticas na Universidade Casa Grande, disse que a rejeição das propostas de Noboa apresentou ao presidente do Equador, de 37 anos, uma “chuva de humildade”.

“Aqueles que votaram contra as propostas não são apenas activistas da oposição, mas pessoas que estão preocupadas com a estabilidade democrática, e que estão chateadas com um governo que não cumpriu promessas” como manter os preços do gás baixos, ou melhorar a segurança, explicou ela.

O Equador, uma nação de 18 milhões de habitantes, tem lutado para controlar o crime violento à medida que se torna um importante ponto de trânsito para a cocaína produzida nos vizinhos Colômbia e Peru, com gangues de traficantes de drogas atacando candidatos presidenciais, prefeitos e jornalistas, enquanto lutam pelo controle dos portos e cidades costeiras.

Recentemente, Noboa reuniu-se com responsáveis ​​dos EUA para discutir a segurança regional e a cooperação migratória e proporcionou à Secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, uma visita a uma base militar ao longo da costa do Equador que poderia possivelmente acolher tropas dos EUA.

“A cooperação internacional é a única forma de desmantelar estes grupos (de tráfico de drogas), que são redes criminosas transnacionais”, disse Noboa após votar.

O Equador teve três constituições desde que o país regressou à democracia em 1979, mas Noboa argumentou que era altura de “reconstruir” o país porque a actual constituição não dá ao governo ferramentas suficientes para combater o crime.

Os eleitores também foram questionados se o Equador deveria criar uma assembleia constituinte, um órgão legislativo que seria responsável por reescrever a constituição do país, com Noboa argumentando que uma nova constituição deveria procurar punições mais duras para os criminosos e maiores medidas para controlar as fronteiras do Equador.

Os críticos do presidente disseram que uma reescrita constitucional não resolverá problemas como a insegurança e o fraco acesso aos serviços de saúde e educação. E alguns temiam que uma nova constituição diminuísse a supervisão legislativa e judicial do poder executivo.

Os eleitores também foram questionados se o Equador deveria cortar o financiamento público aos partidos políticos e se o número de legisladores na Assembleia Nacional deveria ser reduzido de 151 representantes para 73. Ambas as medidas foram rejeitadas por ampla margem.

Noboa disse que estas medidas eram necessárias para cortar gastos excessivos do governo, enquanto os seus críticos afirmaram que poderiam limitar a representação política, especialmente em comunidades de baixos rendimentos onde os recursos para campanhas políticas são escassos.



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