Pelo menos 3.104 crianças nativas americanas morreram em internatos nos Estados Unidos, tiradas de suas famílias para serem assimiladas à força, de acordo com uma investigação do Washington Post publicada no domingo, 22 de dezembro. Uma estimativa três vezes superior à do governo americano.
Nestes estabelecimentos, alguns dos quais religiosos e que existiram desde o início do século XIXe Do século XIX até a década de 1970, muitas crianças sofreram violência física, psicológica ou sexual, de acordo com um relatório recente do governo que estimou em pelo menos 973 o número de estudantes que morreram ali. No final de outubro, o presidente dos EUA, Joe Biden, pediu desculpas aos povos nativos americanos, chamando essas atrocidades de “pecado que mancha a nossa alma”.
Segundo o Washington Post, que investigou durante um ano, 3.104 estudantes perderam a vida nestes estabelecimentos, entre 1828 e 1970, no que o diário descreve como “um capítulo sombrio da história americana que foi ignorado e em grande parte ocultado por muito tempo”. E o número de vítimas seria, na verdade, muito maior, segundo os historiadores, acrescenta o jornal.
“Campos prisionais”
O Washington Post diz que tem “determinou que mais de 800 destes alunos foram enterrados nos cemitérios escolares onde frequentavam ou perto deles, destacando que, como em muitos casos, os corpos das crianças nunca foram entregues às suas famílias ou à sua tribo».
Segundo documentos consultados pelo diário, “as causas de morte incluíram doenças infecciosas, desnutrição e acidentes”. Dezenas de estudantes nativos americanos morreram em circunstâncias suspeitas, continua o artigo “e, em alguns casos, os documentos mostram indícios de abusos ou maus-tratos que provavelmente levaram à morte das crianças”.
Esses internatos “não eram escolas” mas “campos de prisão, campos de trabalho”disse ao jornal Judi Gaiashkibos, diretora da comissão de Nebraska dedicada aos nativos americanos e cujos parentes foram enviados para lá.
O governo de Joe Biden implementou uma série de medidas para apoiar as nações indígenas americanas e melhorar as relações com o estado federal. Nos Estados Unidos, as reservas hoje administradas por nativos americanos são predominantemente pobres, com elevadas taxas de suicídio e overdose. No vizinho Canadá, onde existia a mesma prática de escolas residenciais para jovens indígenas, o país também abriu os olhos nos últimos anos para esta página sombria da história.