As terapias genicas são frequentemente associadas a doenças genéticas raras, o que pode sugerir que elas preocupam apenas um número limitado de pacientes em todo o mundo.
No entanto, como mostrado no estudo prospectivo do Leem, essas terapias são levadas a revolucionar o gerenciamento de muitas patologias. Em um futuro próximo, eles poderiam oferecer soluções terapêuticas inovadoras para vários tipos de câncer, distúrbios neurológicos, doenças cardiovasculares, patologias metabólicas, como diabetes, bem como para infecções graves como o HIV.
Aqui está uma visão geral das perspectivas de aplicação de terapias genéticas em 2025.
Do reparo de genes às novas estratégias terapêuticas
No início, a terapia genética se concentrou na correção de mutações responsáveis por doenças monogênicas, causadas por um único gene defeituoso. A partir de agora, se adapta a patologias mais complexas envolvendo vários genes e até fatores ambientais. Existem duas estratégias principais:
- Terapia genética In vivo : Essa abordagem consiste em introduzir diretamente material genético no corpo do paciente. Em 89 % dos casos, é um vírus modificado que desempenha o papel do vetor, transportando o gene terapêutico para as células alvo.
- Terapia genética ex vivo : As células do paciente são removidas, geneticamente modificadas em laboratório e depois reinjetadas. Entre terapias ex vivo76 % são baseados em células T, um tipo de glóbulos brancos essenciais para o sistema imunológico.
Nas bioterapias, que reúnem todas as abordagens médicas com base no uso de células vivas ou componentes biológicos, a terapia genética hoje representa 16 % da pesquisa clínica avançada.
Entre os muitos ensaios clínicos realizados em terapias genéticas, a oncologia representa o campo de pesquisa mais dinâmico. Na Europa, as preocupações com a pesquisa do câncer:
- Um terço das terapias genicas In vivo ;
- e 86 % das terapias genicas ex vivo.
Duas abordagens terapêuticas são possíveis.
A imunoterapia autóloga consiste na remoção de células imunes ao paciente, modificando -as geneticamente em laboratório, a fim de fortalecer sua capacidade de eliminar as células cancerígenas e depois reinquencê -las no corpo. Entre essas abordagens, as terapias car-t (Células do receptor de antígeno quimérico) representam um grande avanço. Eles consistem em modificar geneticamente os linfócitos T do paciente para produzir um receptor antigênico em sua superfície, o que os torna capazes de reconhecer células cancerígenas e destruí -las. A terapia genética aqui representa uma maneira formidável de dar ao sistema imunológico a capacidade de combater o próprio câncer.
Por outro lado, as terapias genicas contra o câncer também podem usar vírus geneticamente modificados, capazes de direcionar especificamente as células tumorais, a fim de contribuir para sua destruição e estimular a resposta imune do paciente a essas células cancerígenas.
Se a pesquisa clínica se mostrou promissora para cânceres de sangue (incluindo linfomas, mielomas e leucemia), as terapias genicas em desenvolvimento também estão direcionando diferentes tumores sólidos, afetando em particular o ovário, o cérebro, o pulmão, o pâncreas ou o cólon.
Na França, várias terapias car-T já estão autorizadas e usadas para tratar certos cânceres de sangue, incluindo linfomas e leucemia, em adultos como em crianças. Até o momento, cerca de 4.000 pacientes conseguiram se beneficiar desses tratamentos inovadores.
Se o CAR-T foi desenvolvido pela primeira vez no contexto da oncologia, hoje despertam interesse crescente em outras áreas terapêuticas. Atualmente, os estudos estão explorando seu potencial no tratamento de doenças autoimunes, com resultados muito promissores.
As terapias car-T poderiam, em particular, tornar possível tratar o lúpus grave, uma doença em que o sistema imunológico ataca vários órgãos e tecidos, resultando em inflamação crônica e complicações múltiplas.
Essas terapias genéticas também são promissoras para miositas inflamatórios que causam inflamação crônica dos músculos, resultando em músculo progressivo e dor incapacitante.
Finalmente, a terapia com carros-T poderia possibilitar o tratamento de esclerodermia, uma doença caracterizada por um endurecimento anormal da pele e tecidos conjuntivos, que também podem afetar os órgãos internos e alterar sua operação.
Esses avanços abrem o caminho para uma diversificação das indicações das terapias car-T e reforçam a idéia de que a terapia genética é levada a transformar de forma sustentável medicina.
As novas fronteiras da terapia genética: além do câncer
Além do câncer, a pesquisa em termos de terapia genética -alvo de muitos outros campos médicos com avanços notáveis.
Na oftalmologia, vários tratamentos já estão disponíveis, principalmente para a neuropatia óptica hereditária de Leber, retinite por pigmentos e ameaurose congênita de Leber. Além disso, ensaios promissores estão em andamento para degeneração macular relacionada à idade (DMLA, forma úmida), uma doença que afeta entre 1,5 e 2 milhões de pessoas na França.
No campo dos distúrbios neurológicos, a terapia gênica já fez progresso para doenças graves, como atrofia muscular espinhal (ASM), esclerose lateral amiotrófica (SLA) e adrenoleucodystrophy cerebral. Esses sucessos oferecem perspectivas de outras patologias mais difundidas, incluindo a doença de Parkinson, atualmente em ensaios clínicos. A terapia genética também é explorada para a doença de Alzheimer. Mas para essa complexa patologia neurodegenerativa, envolvendo múltiplos fatores genéticos e ambientais, a pesquisa ainda está em um estágio experimental.
Aplicações inovadoras também surgem nos campos de infecções virais e bacterianas. Um ensaio clínico americano lançado em 2022 explora uma abordagem baseada no CRISPR (uma tecnologia de modificação genética chamada “tesoura molecular”), para atingir e eliminar o HIV de células infectadas.
No que diz respeito às doenças metabólicas, a terapia genética está prevista, por exemplo, para diabetes tipo 1, graças à implantação de células pancreáticas geneticamente modificadas.
No campo cardiovascular, está em andamento a pesquisa para tratar patologias como membros de membros, doenças vasculares periféricas ou angina.
Finalmente, desenvolvimentos promissores dizem respeito a muitas outras doenças, incluindo infecções urinárias e genitais crônicas, distúrbios musculoesqueléticos, bem como patologias dermatológicas e respiratórias.
Conclusão
As terapias genicas agora são estabelecidas como uma grande alavanca para transformar a medicina moderna. Primeiro confinado a doenças genéticas raras, agora estão se desenvolvendo em muitos campos, desde oncologia a patologias neurológicas, incluindo doenças autoimunes e infecciosas. Essa evolução abre perspectivas de tratamento sem precedentes para muitos pacientes.
Artigo escrito em parceria com Leem